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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Eu , Lygia e Chico... assim como a surdez!


Quem está no eixo Graduação – Pós Graduação conhece muito bem do que se trata o termo “leitura técnica”, quando se envereda por um caminho que vc não sabe bem se pode trilhar, e lhe faltam pedras para pisar (muitas vezes, nem são de brilhantes) vc recorre a um livro.



Eu, no meu começo, gostava muito de Libras ( e ainda gosto), mas comecei a conhecer surdos de todos os tipos e identidades, e começou a dar um nó! Por que esse usa Libras, porque aquele fala como se fosse estrangeiro, porque esse me entende e o outro não? como esse não fala nem usa língua de sinais? E percebi que a Língua de Sinais foi só o trampolim, era preciso escutar com os olhos as vozes desenhadas no espaço, porque mesmo na leitura labial, são os olhos que se comunicam com os lábios... um mundo visual.


Bom, pra trilhar esse caminho, foram mais de 30 livros sobre surdez, e ainda tem mais por aí, mas chega uma hora, que a informação precisa de poesia, precisa de troca, precisa de algo mais do que o técnico. Aí que entram dois caros amigos, Chico Buarque e Lygia Bojunga.


Conheci o Chico em uma aula daqueles professores que marcam sua vida no Ensino Médio, sabe como é adolescente, não ta nem aí para que o professor tenta ensinar... mas naquele dia eu estava, então ele trouxe “A Banda”, e falou sobre o conteúdo da letra, da época da ditadura, em que a arte era uma das formas de expressão mais contundentes e como era preciso ser perspicaz para censura não barrar, daquele dia, Chico veio comigo. Nas semanas mais corridas do Mestrado, é ele quem toca um violãozinho pra que minhas ideias que deram uma escapada voltem mais mansinhas, pra mim, é o “encantador de ideias”, eu travo, ele toca, elas voltam...


Com a Lygia, foi na minha 2ª. pós-graduação, em Psicopedagogia, aula de Psicanálise... mais uma vez, uma professora que marcou minha carreira. Sem pretensão, nos trouxe um livro “A Bolsa Amarela” da Lygia Bojunga, uma história infantil, porém tínhamos que ler mais do que as entrelinhas, tínhamos que conversar com a personagem e tentar descobrir porque ela nos dizia tudo isso... Essa semana, a Lygia apareceu de novo, cansada de ler tantos artigos e com mais 20 na fila ainda, recorri a minha estante pra procurar algo por lazer, e lá estava ela, em “Paisagem”, me esperando.. 70 páginas em duas horas. Que alivio! Agora sim, ideias vindo e flutuando... dessa vez o estresse do prazo não conseguiu me pegar.


Por isso que persigo o Bakhtin, sabe como são os russos, as vezes eles falam russo pra gente, mas eu ainda pego esse danado! Tem tudo a ver comigo, arena de vozes, todo enunciado exige uma resposta e por aí vai...






Enquanto isso...


“ a gente vai levando... a gente vai levando essa chama” Chico Buarque.







Obrigada professores Robson, Magda e Ana Cristina, cada um me apresentou um amigo novo!

* Quem é seu amigo??? * a vida fica mais leve com eles ;n)

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