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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Implante Coclear, o que é dito nos estudos de linguagem




Saudações!
Voltando de um feriado maravilhoso, cercado de tempo em casa, com direito à filme, marido, pipoca e brigadeiro de microondas, volto novamente à realidade da correria.
Bom, participo de um grupo de pesquisa em Surdez e Cognição, e estamos iniciando juntamente com os graduandos de Fono mais uma pesquisa sobre surdez.
Agora estamos estudando sobre o Implante Coclear e a influência da mídia sobre Implante x Surdez.
Lemos um texto, que vamos discutir amanhã sobre duas crianças implantadas e a pesquisa da Dra, Ana Paula Santana, que já foi minha professora, sobre o processo de linguagem antes e depois do implante. Segue o texto em pdf, vale a pena ler.
Conheço as duas partes (ou tem mais?) da moeda em relação ao implante, conheço surdo que fizeram o implante, mães de crianças surdas implantadas e surdos adultos que vão contra o implante.
Nesse texto, a Dra. Ana Santana explica mais sobre o implante, que é uma tecnologia da Audiologia, diretamente relacionado à audição, porém as questões de linguagem precisam ser discutidas.
As análises realizadas demonstraram que o implante coclear pode possibilitar a audição e, com isso, a aquisição da linguagem oral. Mas não é o único fator a ser considerado nesse processo. Outros fatores, como a qualidade das interações sociais, são também significativos e têm um papel crucial na constituição da criança como sujeito da linguagem.” (Santana, 2005)
Segundo os fonoaudiólogos que recebem cada vez mais surdos implantados nos consultórios, o dispositivo realmente funciona, pois ele possibilita que a cóclea funcione e aumente as possibilidades de ouvir sons ambientais e sons de fala.
Ela mostra dois meninos que tiveram acompanhamento de fono após a ativação dos eletrodos.
Para que se possa analisar a linguagem oral do surdo é importante considerar não apenas a fala do surdo, mas a sua fala no momento de interação com o outro, seja ele surdo ou ouvinte.” (Santana, p.235, 2005)
Essa interação que faz a diferença na aquisição da linguagem em crianças pequenas, pois muitos familiares acreditam que o filho vai se tornar ouvinte depois da ativação porém, o cérebro passa por um processo de reorganização, para que um cérebro “surdo” possa ouvir, pois até então, o principal canal de recepção linguística é a visão.
“Adquirir linguagem implica bem mais que uma produção articulatória, bem mais que um aprendizado baseado na repetição ou mesmo simples imitação. Usar a língua, quer seja na modalidade oral ou de sinais, é um trabalho.” (Santana, p.235, 2005).
Como disse, é uma tecnologia da audição e não da linguagem, ou seja, há recepção dos sons, porém, a interação com língua é de suma importância, para que :
1-      Possa significar os sons que escuta
2-      Possa ter interesse em falar, com um interlocutor que faça falar
3-      Ter uma língua estrutura, seja em sinais ou oral para se comunicar com os interlocutores
4-      Que viva em um lugar nessa família que a linguagem faça parte de rotinas significativas.
No exemplo, há um menino que a família não em paciência em escutar sua fala, pois aos ouvidos da família, ele fala sempre errado, não vê a possibilidade comunicativa que é feita pela linguagem não-verbal com gestos e indicações. Portanto, se tudo o que fala não está certo, não tem necessidade de falar. A tecnologia está lá, mas não tem com quem falar. No segundo exemplo, a família realmente escuta o menino, interpreta o que ele diz, ele sente que, as pessoas da sua família se importam com o que ele tem a dizer, e não apenas se a articulação está certa ou errada. 
Último pensamento:
“É por  isso que o implante coclear também surge como uma tecnologia importante para que se possa oferecer ao surdo a possibilidade de ouvir e falar. Entretanto, é um equívoco acreditar que “para falar basta ouvir”. A linguagem não é só audição, mas também interação e subjetividade.” (Santana, p.242, 2005).
Belíssimo trabalho!

2 comentários:

  1. Ola, Priscila;
    Faço uma pós em AEE e estamos na disciplina de PS (pessoa Surda).Gostaria que me enviasses a referência bibliográfica completa de Santana 2005 pois pretendo desenvolver meu tcc sobre um caso de surdez com tentativa de implante coclear. Vi que o autor fala na construção da linguagem da PS, e é por aí que eu gostaria de transitar. Obrigada e abraços
    Maria Teresa Angoleri - Passo Fundo - RS
    angoleri@upf.br

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  2. oLÁ Maria Teresa!
    seja bem vinda!
    segue a referência:
    Santana, A.P. O processo de aquisição da linguagem: estudo comparativo de duas crianças usuárias de implante coclear. Distúrbios da Comunicação, São Paulo, 17(2): 233-243, agosto, 2005

    Link para o artigo: http://www4.pucsp.br/revistadisturbios/artigos/tipo_409.pdf

    bom trabalho!

    abraço!

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