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domingo, 16 de janeiro de 2011

Pensando sobre fé

Por Priscila Soares Vidal Festa




Pensando sobre fé



Hoje um amiga me ligou pela manhã, que coisa boa é receber ligações de amigos, apesar que muitos deles não conseguem falar comigo naquele instante, pois geralmente estou indo de um lugar para o outro, se você já passou por essa situação, agradeço sua compreensão!


E o que conversamos? Ah, você deve estar curioso, se não estiver, vou contar assim mesmo, pois é assim que começo nossa história para seguir em frente de hoje.


Falamos sobre fé, compartilhamos algumas situações que estavam deixando seu coração ansioso, então conversamos sobre a fé em Deus.


Sou convertida há 13 anos, portanto, há muito tempo esse tem sido um assunto familiar para mim, da Escola bíblica dominical até cultos de domingo. Sabemos que sem fé é impossível agradar a Deus, as implicações da fé, que a fé remove montanhas e lembramos de inúmeras passagens presentes em nossa memória cristã. Quando conversamos com alguém sobre fé, argumentos não nos faltam. Nesse momento, aparecem em nossa mente a palavra do pastor, uma palestra de retiro, uma música especial e tocante, um conselho de alguém... mas eu me pergunto: Qual dessas palavras vem diretamente de Deus para mim? O que eu aprendi com quem mais se importa com a minha fé? O que eu tenho na minha vida para compartilhar sobre fé?


É sobre isso que quero pensar hoje. Algumas passagens na Bíblia vão nos ajudar a compreender melhor o que Deus para nós. Pronto? Então, vamos lá!


Uma imagem que me vem a mente, quando eu falo em fé, é Jesus com a multidão. Em figuras sobre esse assunto, aparecem um grupo de pessoas, com no máximo 20, não é mesmo? É esse desenho que as crianças costumam colorir nas aulas bíblicas.


Um dia vivi uma experiência com “multidão”. Era um culto de sábado a noite na minha igreja, e estava tudo lotado. Mas eu estava na galeria e dava para ter uma noção geral do espaço. O pastor estava pregando e havia um clima muito especial naquele momento, senti o desejo de orar pelo momento do apelo, então o pastor convidou à frente quem gostaria de se comprometer com Jesus. A cena foi incrível, lá de cima, eu vi uma “onda” de pessoas indo a frente, não dava para discernir quem eram as pessoas, porque haviam formado um grande grupo com mais de 200 pessoas. Ainda mais que para chegar no púlpito, havia alguns degraus. Pessoas vindo de todos os lados da igreja, subindo aqueles degraus, a onda acabou por tomar forma e movimento. Foi algo incrível de se ver. Eu vi uma “onda” de fé.


Para mim, a partir daquele dia, a “onda” era a multidão que seguia a Jesus. Quando Jesus curou um leproso (Marcos 1:45), a Bíblia nos diz que: “ Mas, tendo ele saído, entrou a propalar muitas coisas e a divulgar a notícia, a ponto de não mais poder Jesus entrar publicamente em qualquer cidade, mas permanecia fora, em lugares ermos; e de toda a parte vinham ter com ele”, era o próprio ex-leproso que dava a notícia e mostrava o resultado da sua fé em sua pele. Então, a grande onda seguia Jesus em todos os lugares, e o mais incrível, Jesus conhecia o nome de cada pessoa, o motivo real delas estarem ali, Ele diferenciava fé de curiosidade, mas para Jesus, todas as pessoas eram importantes, todos eram dignos de sua companhia.


Ao contrário de mim, que naquele dia consegui ver somente uma grande massa de pessoas, Jesus olhava para trás e via Pedro, João, Mateus, Maria, o choro da mulher, a tristeza daquele homem cabisbaixo, a amargura do coração daquela adolescente, o coração desprendido daquele menininho que segurava um cesto de lanche com pães e peixinhos. “Conta o número das estrelas, chamando-as todas pelo seu nome” Salmo 147:4. Realmente, quando Ele estava naquela cruz, ele pensou em mim e em você.


Na multidão sempre há histórias, algumas delas fascinantes e a Bíblia nos dá o registro delas. São pessoas da multidão, sem concurso cultural, sem internet, sem currículo premiado elas entraram no registro da Palavra de Deus, suas histórias aconteceram há mais de dois mil anos e hoje eu posso ler cada uma elas... essas pessoas tinham algo precioso que deixa o coração de Deus muito alegre: a fé.


Quando a filha de Jairo morreu (Marcos 5:35-43), ele tinha fé genuína que o único que tinha poder sobre a morte era Jesus. Provavelmente, ele saiu correndo atrás de Jesus, porque Ele tinha a cura, Ele era a própria vida.


Imagino o olhar de Jairo ao encontrar Jesus, um misto de alívio e desespero, era uma corrida contra um tempo que já tinha passado, ele precisava de um milagre. Mas algumas pessoas lhe disseram: “Tua filha já morreu; por que ainda incomoda o Mestre?”(v.35). Todos conhecemos pessoas assim, nós mesmos já agimos assim muitas vezes, é quando nosso lado carnal grita dizendo: Veja com seus próprios olhos! Não tem jeito! Você está louco! É assim que acabou!. Mas o que me intriga é o registro do outro versículo: “Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente”(v.36).


Jesus não deu atenção para o que aquelas pessoas estavam falando, seu foco estava na fé de Jairo. Penso que Jairo poderia ter dado atenção para os comentários daquelas pessoas, mas em sua mente devia estar passando um filme, pois sua filha tinha 12 anos.


Lembrou-se do dia em que ela nasceu, da festa, de quando começou a falar, a andar, dos planos que ele e sua esposa tinham para ela, quem sabe um dia teria netos? Mas agora ela estava morta. Com Jesus ao seu lado, ele teve sua esperança renovada. Ainda tinha jeito para situação que aos olhos humanos não tinha. Jairo se recusava a ver com os olhos humanos, ele queria ver mais longe, pois “a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veêm”. (Hebreus 11:1). Ele tinha a certeza, ele conhecia a Jesus.


O final da história já conhecemos, ela reviveu. Jesus colocou uma vírgula na história da menina, embora alguns insistissem que seria um ponto final. Definitivamente, eu prefiro a gramática de Jesus.


Podemos conversar mais sobre fé? Então, vamos incluir nessa conversa uma mulher, sim, uma mulher na multidão. Quem se importaria com uma mulher na multidão? “Grande multidão o seguia, comprimindo-o” (Marcos 5:25). Você já se sentiu apertado pela multidão? Se ainda não conseguiu fazer a imagem mental, vou lhe dar um exemplo. Experimente ir a um supermercado na véspera de Natal para comprar um peru para sua ceia, se ainda não teve essa experiência, uma sugestão para seu próximo 24 de Dezembro. Isso é multidão “comprimindo” a sua pessoa.


E aquela mulher estava lá na multidão que seguia a Jesus, perseverando, mesmo tendo alguns pisões no seu pé, faltando ar, com o vestido empoeirado, ela continuava lá, pois estava determinada. Estava com um agravante, ela estava doente há 12 anos, sofrendo em silêncio de uma hemorragia. Mas quando ela soube que Jesus passaria por ali, não se importou em sair de sua reclusão social, depois de sofrer nas mãos de vários médicos (Marcos 5:26), “tendo despendido tudo quanto possuía, sem, contudo, nada aproveitar, antes, pelo contrário, indo a pior” ela tinha uma chance batendo à sua porta, estava desesperada para atender, finalmente uma notícia boa em 12 anos de doença e isolamento: Jesus está aqui.


Imagino quando ela soube da notícia, era hora de sair imediatamente. Fechando as portas e janelas de sua casa, cambaleando pelas escadas, as vizinhas perguntando o motivo de tanta pressa, “Não tenho tempo, eu preciso vê-lo, Ele está aqui”, ela estava abrindo espaço na multidão usando a última força que lhe restava. Ela tinha fé e deu o primeiro passo.


Na sua via dolorosa, em meio a correria, enquanto lutava para ter um espaço na multidão, mesmo com a mente fervilhando de ideias “Como eu chego lá?,o que eu faço?,onde está Jesus? Não consigo enxergar onde está; por favor, não me empurre!”, ela conseguiu bolar um plano “Se eu apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada”(v.28).


Após anos de isolamento, de frustração, essa parecia a única saída. Não sentiu que precisa ser apresentada a Jesus, ou conhecer algum discípulo que pudesse adiantar as coisas. “Só com um toque, nem precisa ser o braço, só encostar na roupa mesmo, vai dar certo, não me importa o que pensem, eu quero ficar curada, não aguento mais viver assim”.


Naquele momento cheio de adrenalina, de coração acelerado, Jesus estava ali. Num ato desesperado, ela se jogou e conseguiu tocar suas vestes, no mesmo instante “se lhe estancou a hemorragia e sentiu no corpo estar curada do seu flagelo” (v.29). Depois de 12 anos, sentiu-se viva novamente, aquela sensação percorria todo o seu corpo, o cansaço, as dores foram embora, era um milagre. Mas só ela e Jesus, em meio a multidão, sabiam do que havia acabado de acontecer, foi um momento singular, um encontro com o poder de Jesus. Faz quanto tempo que você não sente isso?


Em questão de momentos, Jesus interrompe a caminhada. Simplesmente, abandona o ritmo da multidão e fica parado. Todos se olham surpresos com o movimento inesperado. Jesus olha para trás e diz “Quem me tocou nas vestes?”, “Como assim?”, replicavam os discípulos “Vês que a multidão te aperta e dizes: Quem me tocou?”.


Eles não entenderam que Jesus não estava reclamando de um empurrão provocado pela multidão, foi um toque diferente, foi um toque de uma pessoa com fé. É esse toque que precisamos ter ao orar, não simplesmente empurrar nossos pedidos para Jesus, é preciso tocar com fé.


Jesus continuava olhando para trás, pois essa mulher passou muito tempo se escondendo das pessoas, já estava na hora de assumir sua posição perante as pessoas. Era momento de ela voltar a pertencer a um grupo. Jesus poderia muito bem ter continuado sua caminhada, mas Ele sabia que aquela mulher precisa de um minuto de atenção, era preciso parar e olhar nos olhos dela. Quanta sensibilidade! Atualmente, nos vemos passando por cima das necessidades dos outros, mas Jesus parou suas atividades para olhar nos olhos de uma mulher no meio da multidão. Quem se importaria com uma mulher na multidão?


Era chegado o momento, por 12 anos ela fugiu da exposição, escondeu-se em sua casa, andava cabisbaixa e pelos cantos, com medo de ser notada e apontada na rua por sua doença, agora era o momento de ter uma nova vida e assumir quem ela era de verdade.


“Então, a mulher, atemorizada e tremendo, cônscia do que nela se operara, veio, prostrou-se diante dele e declarou-lhe toda a verdade” (v.33). Novamente, o filme passou em sua cabeça, o olhar dos médicos para uma mulher com hemorragia, talvez sua família diminuindo o contato com ela, agora todos estavam olhando, ela era o centro das atenções.


Jesus, que homem incrível! Ele leu nas expressões marcadas daquela mulher a dor, em suas mãos trêmulas a insegurança e em seus olhos um brilho de fé. E lhe disse” Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal”(v.34). Ela não escutou: mulher o que você fez? Mas, em doze anos, ela escutou em uma frase só as palavras Filha, paz e liberdade. Foi um toque de fé.


É sobre essa fé que eu quero pensar...





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