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domingo, 18 de julho de 2010

Ampliação do léxico da libras na área educacional

Ampliação do léxico da libras na área educacional

Neiva de Aquino Albres

No país há um movimento de organização de educação bilíngüe para pessoas surdas, e para que esta se efetive se faz necessário uma reestruturação na escola, onde o sujeito surdo seja educado em sua primeira língua, assim a língua cresce, pois precisa ampliar seu léxico para atender aos novos conceitos que os mesmos tomam consciência no processo de escolarização.
Consideramos que o uso de um termo (sinal) definitivo é de fundamental importância para que ocorra a aprendizagem. Vygotski (1998), considera que:

"Todas as funções psíquicas superiores são processos mediados, e os signos constituem o meio básico para dominá-las e dirigi-las. O signo mediador é incorporado à sua estrutura como parte indispensável, na verdade a parte central do processo como um todo. Na formação de conceitos, esse signo é a PALAVRA, que em princípio tem papel de meio na formação de um conceito e, posteriormente, torna-se o seu símbolo." (p. 70)
O uso de sinais provisórios como o "balançar" da primeira letra da palavra, pouco contribui e muitas vezes atrapalha o aprendizado dos alunos. Constatamos (conforme informações dos próprios alunos) que o "S" balançado já foi usado para representar: singular, sujeito, servo, suserano, substantivo, sistema e socialismo. Pode-se argumentar que o surdo tem acesso à palavra escrita e a partir deste constroe o conceito, mas em uma educação bilíngüe o ensino deve ser proporcionado em língua de sinais.
A construção da língua de sinais segue alguns critérios. Nós, enquanto professores de surdos e usuários da libras diariamente, devemos tomar cuidado com as traduções literais. Para tanto, devemos levar em consideração as regras de formação de palavras (sinais).
A língua é composta por um sistema de signos que exprimem idéias, e nos traz um significante e um significado. É importante ressaltar que muitas vezes a forma de uma palavra não apresenta nenhuma ligação intrínseca e necessária com o seu objeto de referencialidade. Mas, a construção de novos sinais deve ser cuidadosa, primeiramente procuramos em dicionários de Libras e na comunidade surda para constatar se as palavras já não tinham sinais, se as mesmas não tivessem, partíamos para a construção coletiva, compartilhada com os alunos a partir de sua definição. O fechamento do léxico, nesse primeiro momento, para classes gramaticais e escolas literárias se deu na FENEIS/SP no dia 07 de maio como um encontro com surdos professores de Libras, que referiram perceber nesse momento a busca pela qualidade na educação de surdos, pois quando cursaram o ensino fundamental e ensino Médio não aprendiam por meio da sua Língua.
Diante disso, o texto "formação dos itens lexicais ou sinais a partir de morfemas" da Doutora Lucinda Ferreira Brito (1997, p. 39) e "o processo de formação de palavras" de Quadros e Karnopp (2004, p. 94), são de essenciais para os que necessitam do uso de novos sinais para o ensino-aprendizagem de novos conceitos. Buscando a criação pela Derivação ou por Composição, assim os novos sinais que hora apresentamos foram formados a partir de seus radicais aos quais se juntam afixos ou morfemas gramaticais, pelo processo de derivação. Procuramos também seguir as orientações de Quadros e karnopp (2004, p. 78) ao escrever sobre as restrições de formação de sinais, com relação à condição de simetria e condição de dominância, apontam que:

"As restrições na formação de sinais, derivadas do sistema de percepção visual e da capacidade de produção manual, restringem a complexidade dos sinais para que eles sejam mais facilmente produzidos e percebidos. O resultado disso é uma maior previsibilidade na formação de sinais e um sistema com complexidade controlada." (QUADROS E KARNOPP, 2004, p. 79)

Essa orientação é de suma importância para não se criar sinais com movimentos esdrúxulos e de difícil execução, já que a tendência das línguas é a economia lingüística a redução para a agilidade na compreensão do receptor.

A Língua Brasileira de Sinais nos dá várias possibilidades de criação de novas unidades lexicais a partir de formas já existentes, repetindo ou mudando o movimento na estrutura segmental da forma-base, enquanto mantém as outras unidades - locação, configuração e orientação de mãos - inalteradas. (QUADROS E KARNOPP, 2004, p. 1001)

Cumpre-nos, por fim, expressar nossos agradecimentos à FENEIS e a todos os colegas surdos que colaboraram e se dispuseram em contribuir com a construção desses sinais, principalmente a Regiane Agrela (Associação de surdos de SP), Cristiano koyama (professor da DERDIC) e Moryse Saruta (subcoordenadora do CELES/FENEIS/SP e Professora do IST).


Referências

BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática da língua de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995.

BRITO, Lucinda Ferreira. Estruturação de Sentenças em Libras. In: BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Especial. Educação de surdos. Brasília: MEC/SEESP, 1998.
-VOLUME 3 -Língua Brasileira de Sinais)

QUADROS, Ronice Muller; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira: estudo lingüísticos Porto Alegre: Artmed, 2004.

fonte: http://www.institutosantateresinha.org.br/Gramatica/Gram%E1tica%20libras.htm

para saber mais sobre Libras: www.comunicarpib.blogspot.com
www.comunicardicionariolibras.blogspot.com

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