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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Até onde seus pés podem ir?

Foto no Metrô de Barcelona.


Realmente, a escrita do Blog me ajuda a desenvolver mais e mais ideias, em horas que elas fervilham e precisar escapar por algum lugar, que seja aqui então.
Hoje assisti uma banca de defesa de Mestrado, já é a segunda nesse ano, porque preciso cumprir carga horária do Mestrado, mas estar como expectador gera ansiedade, ainda mais quando pensa na possibilidade de que daqui há um ano, serei eu na frente.
Apresentar os dados de uma pesquisa que ficou na sua mente durante 24 meses *elefante gera um filhote em 22 meses*, é tranquilo, porém momento de receber as arguições da banca, que é fatal.
A sensação de estar na berlinda, para quem assiste já é apavorante, alguém que leu seu trabalho folha por folha, fez anotações, não concordou com sua ideia ou gostou de sua audácia, e falar na frente de todos, requer treinamento de nervos. Eles falam, vc fala, eles escutam sua justificativa, você escuta as considerações, então você recebe o título de Mestre, porém com a dissertação com ressalvas, com prazo de um mês para "corrigir".
É esse o sentido da discussão, eu acrescento algo, vc acrescenta, e isso te tira do lugar de certeza, tem a sensação de quanto mais estuda, menos sabe, porque começa a conhecer outros pontos de vista além do seu, que divergem do seu, porém, te modificam em algo: ou acha um absurdo ou algo começa a fazer sentido.

Até seus pés podem ir?

Defender uma ideia, é mais difícil que parece. Seu corpo obedece o que sua cabeça diz, você vai onde suas ideias te permitem chegar. Nessa correria louca do cotidiano, as ideias dão lugar ao fazer.
Falta tempo, e as ideias adormecem, algumas até hibernam dependendo da estação do ano, outras entram em coma até os neurônios resolverem que não vale a pena mandar impulso elétrico fazendo essa sinapse.

Ideias ideias ideias EUREKA!

seus pés vão até onde suas ideias permitirem...


A Idéia

Augusto dos Anjos

De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!
Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...
Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.

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Alegria Alegria

Caetano Veloso (1968)
Caminhando contra o vento
Sem lenço, sem documento,
No sol de quase dezembro
Eu vou...
O sol se reparte em crinas
Espaçonaves, guerrilhas
Em Cardinales bonitas
Eu vou ...
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou ...
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou ... por que não, por que não?
Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço, sem documento, eu vou
Eu tomo uma Coca-Cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou ...
Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil
Ela não sabe, até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou ...
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou ... por que não, por que não?

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